quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Sujeito: o ser que nem sempre pratica a ação.

Andei refletindo, ao me deparar com uma questão de gramática, sobre o conceito de sujeito que aprendemos na escola. Na sala de aula, logo na séries iniciais, ouvimos que sujeito é o ser que pratica a ação. Se o professor ainda for bonzinho, acrescenta que essa ação é expressa pelo verbo. Tratei, um dia desses, de problematizar e ver o que falha nesse antigo conceito.
A frase era a seguinte: Naquela reunião, falou-se somente a verdade.
Frase que se encontra na voz passiva sintética, pois o "verdade" (classificado como sujeito pelo autor da gramática) estaria sofrendo a ação praticada por... por quem mesmo?  Ora, o verbo falar se encontra na 3°  pessoa do singular + o se ( que aqui funciona como partícula apassivadora, já que a voz pode ser passada para a passiva analítica (A verdade foi falada).
Entretando, mesmo sendo possível a mudança de voz, ainda não se nota  a definição de sujeito como ser que pratica a ação. A verdade sofre a ação praticada pelo verbo falar (falado), mas quem falou a verdade? Ou melhor, quem fala, fala alguma coisa (verbo falar - transitivo direto). Na frase em questão, alguém falou a verdade... mas não dá pra saber quem falou.
Com isso, eu vi que nem sempre sujeito é aquele que pratica ( e nem recebe) a ação, pois a verdade, embora falada, sofrida a ação expressa pelo verbo, tem que ter sido falada por alguém. Ou ela mesma foi que falou? Que confuso em!

2 comentários:

  1. Caro Fellype, essa concepção de sujeito, mostrada por você,é só uma das que são veiculadas nos materiais didáticos. Na verdade, esses problemas já tem um amplo campo de estudo, sendo tratada até mesmo pelos "gramatiqueiros" (como o Pasquale). Um outro exemplo (talvez mais simples) que poderia facilmente derrubar essa concepção é: "Os carros foram comprados por mim durante a feira automobilística", note-se que o sujeito da oração é o SN "os carros" e este não age como praticante da ação, pois é um sujeito paciente. O grande problema, em minha opinião, é o fato de não serem levados em conta os sentidos pragmáticos, semânticos... Conceitos muito importantes para se fazer uma análise de cunho sintático ou morfológico. Recomendo-te as obras de Irandé Antunes e outros na área da LT ou Socio, não será difícil de achar. Deveras é um pouco confuso, mas com um pouco de estudo e observação se torna muito simples. =)

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  2. Na verdade me deparei com essa questão ao ensinar os tipos de sujeitos a um aluno. O que me chamou atenção foi a falta de clareza por parte do autor da gramática que eu estava consultando... ele poderia explicar que essa concepção é um tanto resumida. Então, assim como na postagem, eu problematizei a questão ao aluno (sem muita complexidade). Obrigado pelo comentário!

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